Prólogo - Consequences

           As lagrimas desciam pelo meu rosto enquanto eu observava o caixão de madeira nobre baixar na terra.

Era tão difícil de entender, tão difícil aceitar que ele não estava mais aqui. Que eu nunca mais iria ver o seu sorriso doce ao acordar, sentir seus braços quentes a minha volta, sentir aquele tão familiar gosto de café e hortelã quando ele me beijasse.

Por quê? Por quê? Por quê? Eu me perguntava, enquanto a dor se fazia mais forte.

Eu não conseguia entender, eu não conseguia aceitar!

Era impossível simplesmente pensar em uma vida sem ele lá ao meu lado, me mantendo forte, me mantendo viva.

Luca, meu amado Luca. Meu porto seguro, minha rocha.

Por que depois de tudo, quando as coisas estavam começando a melhorar e eu tinha a esperança de um dia poder amá-lo do mesmo jeito que ele me amava, quando as minhas feridas finalmente começaram a cicatrizar, Deus o tirou de mim?

Por que não fui eu que morri naquele acidente? Por que quando aquele motorista bêbado bateu no nosso carro, e nosso carro capotava ribanceira abaixo a ultima coisa que eu vi foi o rosto dele e não o do meu marido? Por que eu estava aqui e ele não? Por que...

Os meus joelhos cederam perante a dor excruciante e eu cai no chão agonizando. Braços quentes me ampararam e de repente tudo aquilo parecia demais para agüentar e eu simplesmente fechei os olhos e deixei que a escuridão me levasse.

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Eu não sei quanto tempo havia se passado quando eu acordei deitada na minha cama. Meu afilhado, Leon, descansava ao meu lado. Sua pele branquinha corada pelo calor que fazia no quarto, seus cabelos loiros caindo de forma desordenada sobre sua testa, sua boca contorcida em um biquinho adorável.

Encarei o teto do quarto, sentindo aquela tão familiar dor latente dentro de mim.

Mesmo depois de seis anos eu não havia conseguido superar a partida dele, mas havia, sim, aprendido a conviver com ela. Eu havia mantido as lembranças e a dor a raia durante todo esse tempo e parece que a morte do Luca serviu para trazê-las à tona novamente.

A dor era tanta que chegava a ser paralisante e a única coisa que eu queria fazer naquele momento era deitar ali e me afogar em autocomiseração.

Mas eu não podia. Não. Eu devia isso ao Luca, eu devia ser forte e seguir em frente. Viver a vida que ele não pode por minha culpa. E era isso que eu ia fazer.

Resistindo a vontade de ficar deitada ali e deixar a dor me tomar, me levantei da cama, tomando cuidado para não acordar Leon no processo.

Parei do lado da janela do meu quarto observando a cidade de Nova Iorque do lado de fora. Eu não sei por quanto tempo eu fiquei ali parada, olhando para fora sem nada ver realmente.

“O Único jeito de seguir em frente e conquistar um futuro, é olhar para trás, encarar e aprender com o passado.”

A frase brilhou em minha mente. Eu me lembrava perfeitamente do dia que o Luca me disse isso. Eu quase podia ouvir sua voz enquanto conversávamos.

Nós estávamos nos mudando para o nosso apartamento, ele já havia me pedido em casamento. No meio de tantas caixas, eu havia me encontrado com a caixa onde eu havia guardado os presentes do meu desastroso aniversario de dezoito anos depois que eu os achei debaixo do assoalho do meu quarto em Forks.

A visão dos presentes havia trazido as tão dolorosas lembranças a tona e eu havia me entregado aos prantos. Em vez de ficar com raiva ao ver a noiva chorando pelo ex-namorado como qualquer outro homem faria, ele havia me abraçado e me consolado.

Eu engasguei com um suspiro ao lembrar de seu abraço afável daquele momento de dor. Eu não consegui mais segurar as lagrimas.

Eu sabia o que eu tinha que fazer agora, eu sabia que tinha que encarar o passado para poder seguir com a minha vida e ser feliz como o Luca gostaria.

Olhei para o céu estrelado acima da cidade de Nova Iorque. Milhares de estrelas brilhavam magnificamente lá em cima, umas mais que outras, mas uma em especial chamou a minha atenção. Não era a maior, nem era a mais brilhante, mas era especial. Por que era a minha estrela. A minha estrela guia nessa escuridão sem fim. Meu Luca.

Fechei os olhos por um momento sentindo a paz me invadir.

Estava na hora de voltar para Forks.